31.1.13

Mergulho interior

Não é o mar quem lhe pergunta, afirma ou cala.
É o balanço de suas próprias ondas que,
chocando-se com a imensidão de sal,
encontra o eco da maré.
E devolve seu ruído.

É você quem pergunta,
afirma,
cala,

mar adentro.

29.7.12

Devorei

Toma(-)te(um)caminho,
um poema fatiado.

13.5.11

Faaca

"Eu quero ver você dançar
Em cima de uma faca molhada de sangue
Enfiada no meu coração"

24.4.11

Nada demais


Ah, bom. Menos mal.

5.4.11

receituário

Farinha de trigo no rosto, nos cabelos, nas mãos. Junta leite, ovo, manteiga, açúcar, e o que mais der na telha e na geladeira. E vira cola, vira massa. Vira outra. É assim que conserta a vida.

Liquidifica dor

Liquidi fica dor


L i q u i d i f i c a d o r

13.10.10

Goela abaixo

Abro um espaço entre os lábios, descerro os dentes e mostro a língua. Toda a verdade que você me empurra na garganta desce arranhando. E vai para o estômago, causando enjôo. E vai para o intestino, onde se mistura ao resto do almoço e todos percorrem o mesmo caminho.



Você vê? A sua verdade é sua. Em mim, nada mais é do que leve indigestão.

1.2.10

Homens

Passam por você
Cruzam as pernas em passos longos, empinam os seios, mexem no cabelo
ajustado fio a fio a fio
Você se vira para olhar, fica fascinado
Tem um desejo incontrolável de ser dominado


Não vê que são passos que cavam valetas 
na esquina
do cruzamento de suas pernas
com outras pernas feitas da mesma carne
putrefata


farta da mesmice calcificada da calçada

28.1.10

Férias de mim mesma

"Eles passaram o morro e encontraram um caminho estreito. Os galhos das árvores se encontravam fazendo um túnel de folhas. No chão, uma vastidão de rosas brancas e vermelhas soltas encobriam a pequena estrada.. Alguns raios solares escapavam entre as folhagens criando um corredor de feixes de luzes. Olívia, sem palavras, absorveu, quieta, detalhe por detalhe daquele glorioso ambiente" - A cidade dos poetas de sião

E volto para a calmaria do turbilhão.

9.12.09

Um pulo

largue-me à beira do abismo
na beirada
e deixe que o vento se encarregue do resto

(posso voar mesmo na tempestade)

21.11.09

Liquido amor

Se estamos a sós, voltamos a ser líquidos e escorremos por entre frestas do que um dia já foi tijolo argamassa e tinta.