13.10.10

Goela abaixo

Abro um espaço entre os lábios, descerro os dentes e mostro a língua. Toda a verdade que você me empurra na garganta desce arranhando. E vai para o estômago, causando enjôo. E vai para o intestino, onde se mistura ao resto do almoço e todos percorrem o mesmo caminho.



Você vê? A sua verdade é sua. Em mim, nada mais é do que leve indigestão.

1.2.10

Homens

Passam por você
Cruzam as pernas em passos longos, empinam os seios, mexem no cabelo
ajustado fio a fio a fio
Você se vira para olhar, fica fascinado
Tem um desejo incontrolável de ser dominado


Não vê que são passos que cavam valetas 
na esquina
do cruzamento de suas pernas
com outras pernas feitas da mesma carne
putrefata


farta da mesmice calcificada da calçada

28.1.10

Férias de mim mesma

"Eles passaram o morro e encontraram um caminho estreito. Os galhos das árvores se encontravam fazendo um túnel de folhas. No chão, uma vastidão de rosas brancas e vermelhas soltas encobriam a pequena estrada.. Alguns raios solares escapavam entre as folhagens criando um corredor de feixes de luzes. Olívia, sem palavras, absorveu, quieta, detalhe por detalhe daquele glorioso ambiente" - A cidade dos poetas de sião

E volto para a calmaria do turbilhão.